12 julho 2010

"...
- Então estou alegre de sermos diferentes.
- Também estou - disse ele.
- Seja como for e fale o que falar, você é sempre como eu o queria...
- Amo-a e amo o seu nome, Maria.
- É um nome vulgar.
- Não. Não é um nome vulgar.
- E se dormíssemos um pouco? Eu pego no sono muito depressa.
- Então vamos dormir - disse ele, sentindo aquele corpo esguio de encontro ao seu, a confortá-lo, a abolir a solidão pelo simples contato da pele, numa aliança indestrutível contra a morte, e murmurou: - Durma, durma.
- Já estou dormindo - sussurrou Maria.
- Então vou dormir também. Durma, Durma, minha adorada... - e Jordan igualmente adormeceu, feliz.
Altas horas acordou e apertou-a contra si como se ela fosse a sua própria vida e lha quisessem roubar. Seu sentimento era de que tudo da vida se concentrava na amada. Mas o sono de Maria era tão profundo que ela não despertou. Jordan cobriu-lhe a cabeça, beijou-a ainda uma vez no pescoço, puxou para cima a passadeira da pistola para tê-la ao alcance da mão e quedou-se a pensar durante o resto da noite sob o sereno."

HEMINGWAY, Ernest. Por quem os sinos dobram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário