21 julho 2010

"Um povo forte não precisa de um líder forte!"
-Emiliano Zapata
..as coisas acontecem do jeito que acontecem e estão certas assim.
Não me arrependo de nada. Mas vezenquando passa pela cabeça um "ah, podia ter sido diferente..."'

-Caio F. Abreu

15 julho 2010

"There's no dark side of the moon really, matter of fact it's all dark."

Hoje me deu vontade de escrever sobre um disco que marcou a minha vida e, sem dúvidas, é um grande clássico da música.
Dark side of the moon da banda inglesa Pink Floyd é um disco de 1973, gravado no consagrado Abbey Road Studios em Londres, que retrata as pressões da vida como tempo, dinheiro, guerra, loucura e morte.
O disco é uma expressão de empatia política, filosófica e humanitária que estava louca pra sair de Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason.
Foi feito em um momento em que os músicos estavam mais criativos e abertos, provavelmente pela idade, pela época e por toda aquela repressão que assombrava o mundo do rock.
Após a saída de Syd Barret, eles não sabiam ainda pra onde seguir, que rumo tomar. Estavam perdidos, pois, a pulsação da banda havia partido.
A banda ficou impressionada após a perda de sua peça chave de inspiração, o compositor havia partido e deixado uma grande sombra sobre o grupo. Foi quando o Floyd entrou em sua era glacial, em que as coisas simplesmente aconteciam, Set the controls of the heart and sun é um exemplo claro disso.
E quando Gilmour se tornou membro em 1968, e começou a se apaixonar por aquela coisa psicodélica, eles seguiram adiante com grande parte de suas músicas sendo instrumentais e de uma forma experimental. Mas sempre conservando a melodia, como é exposto no album Meddle.
Echoes mostra claramente a direção que estavam seguindo. Um épico triste, psicodélico, progressivo e encantador. Ela foi o começo de toda a escrita sobre outras pessoas, o começo da empatia clássica do Pink Floyd se preferir, algo tipo;
'Dois estranhos passando na rua. Dois olhares que se encontram. E eu sou você. E o que vejo sou eu'.
E essa fase da banda houve uma erupção em Dark side of the moon.
As idéias que Roger Waters explorou aplicam-se às novas gerações, elas ainda têm as mesmas relevâncias que tinham. A forma como Dark side articula o sentido da desilusão do adulto é totalmente intemporal.
Era algo teatral, sobre como era viver no mundo moderno. As pressões que empurram você em uma ou outra direção, seja para a insanidade, morte, cobiça, e o que quer que seja há sempre algo sobre a visão newtoniana daquela física interessante. E o álbum trata justamente disso.
Um grande fator do sucesso de Dark side of the moon é pelo fato de ser muito rico, são muitas canções, muitas idéias reunidas em um único disco. Tem valores pop tradicionais, você pode cantar junto as canções, mas também pode te levar a lugares se quiser ouvi-lo no escuro.
Particularmente acho que é o disco de todos os tempos (tanto que na minha formatura da faculdade eu entrei ao som de Time), ficou nas paradas por 750 semanas, quase 14 anos. É um álbum incrível, não só em termos de vendas, mas também em influência. Foi onde a música underground, o rock progressivo tiveram sua vez. E vale lembrar do grande conceito da época, era o auge do Glam Rock, todas as fantasias pop de Stevie Bowie. E surge o Pink Floyd com um álbum contendo temas pesados até então.
Ele pode ser o disco-conceito definitivo, porque o conceito, as canções, os espaços na música estão lá mas ele não tira nada da imaginação. É completo, é nítido, é lindo.
Dark side of the moon começou numa sala de ensaio em londres, em um depósito que pertencia aos Rolling Stones, onde os Floyds faziam jammings* durante horas.
Muitas das músicas saíram em jammings nessas salas de ensaio, algo como tocar mi menor e por uma hora ou duas e ver o resultado.
Roger trazia as letras porque ele realmente tinha coisas a dizer, e, era a primeira vez que ele escrevia todas as letras, era a força propulsora do grupo.
David era brilhante nos vocais duplicados, na sua guitarra triste, porém, por outro lado com uma qualidade espacial, cristalina e quase etérea.
Foram a primeira banda a tentar fazer a música do futuro, muita coisa acontecia na melodia, passos, batimentos cardíacos, tudo para causar uma tensão extra. O que fez realmente ser uma viagem.
Acho que todos deviam apreciar pelo menos uma vez na vida essa obra-prima do rock. Vale muito a pena. :)
*Jamming na minha definição seria algo como tocar improvisos, colocar a alma no instrumento, mostrar os seus sentimentos em forma de música.

Faixas
"Speak to Me/Breathe" - 3:59
"On the Run" - 3:35
"Time/Breathe (Reprise)" - 7:04
"The Great Gig in the Sky" - 4:48
"Money" - 6:24
"Us and Them" - 7:49
"Any Colour You Like" - 3:26
"Brain Damage" - 3:50
"Eclipse" - 2:04

"Por mais que você viva, e alto você voe
sorrisos dará e lágrimas chorará
e tudo o que você toca e tudo o que você vê
é tudo que sua vida sempre será"

-Breathe

13 julho 2010

O sol é sempre o mesmo,

Enquanto você corre atrás dele, ele se põe no horizonte pra nascer atrás de você outra vez. E você está mais velho, com a respiração mais curta e cada dia mais próximo da morte.
-Time, Pink Floyd

Então aproveite o tempo.

12 julho 2010

"...
- Então estou alegre de sermos diferentes.
- Também estou - disse ele.
- Seja como for e fale o que falar, você é sempre como eu o queria...
- Amo-a e amo o seu nome, Maria.
- É um nome vulgar.
- Não. Não é um nome vulgar.
- E se dormíssemos um pouco? Eu pego no sono muito depressa.
- Então vamos dormir - disse ele, sentindo aquele corpo esguio de encontro ao seu, a confortá-lo, a abolir a solidão pelo simples contato da pele, numa aliança indestrutível contra a morte, e murmurou: - Durma, durma.
- Já estou dormindo - sussurrou Maria.
- Então vou dormir também. Durma, Durma, minha adorada... - e Jordan igualmente adormeceu, feliz.
Altas horas acordou e apertou-a contra si como se ela fosse a sua própria vida e lha quisessem roubar. Seu sentimento era de que tudo da vida se concentrava na amada. Mas o sono de Maria era tão profundo que ela não despertou. Jordan cobriu-lhe a cabeça, beijou-a ainda uma vez no pescoço, puxou para cima a passadeira da pistola para tê-la ao alcance da mão e quedou-se a pensar durante o resto da noite sob o sereno."

HEMINGWAY, Ernest. Por quem os sinos dobram.

07 julho 2010

"Mas o vento

voltou a soprar. Era o Levante, o vento que vinha da África. Não trazia o cheiro do deserto, nem a ameaça de invasão dos mouros. Ao invés disto, trazia um perfume que ele conhecia bem, e o som de um beijo - que veio vindo devagar, devagar, até parar em seus lábios.
O rapaz sorriu. Era a primeira vez que ela fazia isto.
- Estou indo, Fátima - disse ele."
Fim.

COELHO, Paulo. O Alquimista.

"Ficar amargo é desperdiçar momentos preciosos de uma vida que já é muito curta."

01 julho 2010

"Ganhei o cavalinho que ele havia me prometido e novamente abracei Tio Edmundo. Então ele pegou no meu queixo e me falou emocionado.
- Você vai longe, peralta. Não é à toa que você se chama José. Você será o sol, e as estrelas vão brilhar ao seu redor.
Fiquei olhando sem entender e pensando que ele era mesmo um trongola.
- Isto você não entende. É a história de José do Egipto. Quando você crescer mais eu conto essa história.
Eu era doido por histórias. Quanto mais difíceis, mais eu gostava.
Alisei meu cavalinho, bastante tempo e depois levantei a vista para Tio Edmundo e perguntei:
- A semana que vem, o senhor acha que eu já cresci?..."

VASCONCELOS, José Mauro de. O meu pé de laranja lima.